Brasil deverá ter moeda digital emitida pelo Banco Central
BC divulgou hoje as diretrizes para criação da moeda no país
O Brasil poderá ter uma moeda digital emitida pelo Banco Central (BC), como uma extensão da moeda física. O BC anunciou, hoje (24), em Brasília, as diretrizes para a criação da moeda no país.
Em nota, a
instituição disse que “tem promovido discussões internas e com seus pares
internacionais visando ao eventual desenvolvimento” da moeda. Segundo o BC, a
moeda deve “acompanhar o dinamismo da evolução tecnológica da economia
brasileira”.
O coordenador
dos trabalhos sobre a moeda digital do Banco Central, Fabio Araujo, explicou
que a moeda digital será diferente das criptomoedas. “Os criptoativos, como o
Bitcoin, não detém as características de uma moeda, mas sim de um ativo. A
opinião do Banco Central sobre criptoativos continua a mesma: esses são ativos
arriscados, não regulados pelo Banco Central, e devem ser tratados com cautela
pelo público”, disse.
Ele
acrescentou que a moeda será garantida pelo Banco Central e a instituição
financeira vai apenas guardar o dinheiro para o cliente que optar pela nova
modalidade.
Diretrizes
Entre as
diretrizes estão a ênfase na possibilidade de desenvolvimento de modelos
inovadores a partir de evoluções tecnológicas, como contratos inteligentes
(smart contracts), internet das coisas (IoT) e dinheiro programável; a previsão
de uso em pagamentos de varejo; e a capacidade para realizar operações online e
eventualmente operações offline.
A
distribuição ao público será intermediada por custodiantes do Sistema Financeiro
Nacional (SFN) e do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), sem remuneração às
instituições financeiras pelo BC.
Também
deverá ser garantida a “segurança jurídica em suas operações” e a “aderência a
todos os princípios e regras de privacidade e segurança determinados, em
especial, pela Lei Complementar nº 105, de 2001 (sigilo bancário), e pela Lei
Geral de Proteção de Dados Pessoais”.
De acordo
com o Banco Central, a tecnologia de criação da moeda deve “seguir as
recomendações internacionais e normas legais sobre prevenção à lavagem de
dinheiro, ao financiamento do terrorismo e ao financiamento da proliferação de
armas de destruição em massa, inclusive em cumprimento a ordens judiciais para
rastrear operações ilícitas”. A moeda também deve permitir pagamentos em outros
países.
Cronograma
Na nota, o
BC diz ainda que é preciso aprofundar a discussão com o setor privado antes de
definir um cronograma de implementação da moeda. “O diálogo com a sociedade
permitirá uma análise mais detalhada não apenas de casos de usos que possam se
beneficiar da emissão de uma CBDC [sigla em inglês referente a Central Bank
Digital
Currencies,
moedas digitais emitidas pelos bancos centrais], como também das tecnologias
mais adequadas para sua implementação”.
Segundo
Araujo, a expectativa é que sejam reunidas as condições necessárias para que a
implementação da moeda em "dois ou três anos". "As condições são
a tecnologia e segurança que atendam às diretrizes que foram determinadas hoje
pelo Banco Central", disse.
*Publicado em 24/05/2021 - 10:50 Por Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil - Brasília
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